SANGUE, SEXO E DESGRAÇA
Sangue, sexo e desgraça esses são elementos correntes nas reuniões de pauta de alguns dos mais prestigiados meios de comunicação do país. Esses temas são exibidos em abundância nas diversas mídias porque geram visibilidade, causam polêmicas e chamam a atenção das pessoas. Nessa busca incessante das mídias por compartilhamento, por likes e por comentários o uso deste tipo de expediente jornalístico tem sido, infelizmente, uma constante.
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Aquilo que choca, constrange e gera indignação mexe com os instintos básicos da audiência provocando medo, repulsa e sede de fazer justiça com as próprias mãos. Isso acontece, independentemente da veracidade ou não do conteúdo apresentado pela mídia, pois todos nós sabemos do talento dos nossos redatores e do poder que a palavra tem para influenciar as ideias, as opiniões e a mente das pessoas.
Sangue, sexo e desgraça esses são elementos correntes nas reuniões de pauta de alguns dos mais prestigiados meios de comunicação do país
A narrativa apresentada pela mídia em casos como estes tem o poder de construir uma pós-verdade, onde, mesmo não se tendo uma apuração total dos fatos, começa-se a formar na mente das pessoas um julgamento de valor antecipado. Onde as informações reveladas nos conteúdos da mídia são encaradas como provas, e onde as falas divulgadas, são encaradas como solenes testemunhos diante de um juiz.
Nosso trabalho como jornalistas não pode induzir a prática de uma condenação antecipada das pessoas que estão envolvidas em casos polêmicos, nossa função é informar e não condenar, quem tem competência legal para julgar e estabelecer penas é o juiz e não o jornalista. É inegável o poder da mídia para induzir comportamentos e influenciar opiniões, cientes deste imenso poder, não podemos nos isentar como jornalistas.
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Temos que usar este poder com ética, dignidade e responsabilidade sob o risco de converter o conteúdo que produzimos em instrumentos que causam danos não apenas a liberdade de imprensa que levamos tanto tempo para conquistar, como também, a constituição federal quando direitos inalienáveis como a presunção de inocência, o direito de defesa, a dignidade, a honra e a privacidade da pessoa humana são colocados de lado em prol da conquista de números de audiência.
Nosso trabalho como jornalistas não pode induzir a prática de uma condenação antecipada das pessoas que estão envolvidas em casos polêmicos, nossa função é informar e não condenar
Os direitos individuais garantidos na constituição federal não devem estar em conflito com a liberdade de imprensa, pois em ambos os casos, o que está em jogo é a democracia. Zelar pelos direitos individuais e zelar pela liberdade de imprensa, para mim, é a mesma coisa. Portanto, o bom jornalista, é aquele que valoriza o texto, as ideias, a narrativa, o tema e não aquele que usa a desgraça alheia para se promover e gerar acessos as suas plataformas digitais.
O julgamento e a condenação antecipada dos envolvidos refletem bem este tipo de jornalismo, um jornalismo que não está a serviço da verdade, um jornalismo que é refém das métricas de acesso e compartilhamento das mídias digitais, um jornalismo pobre, venenoso, de baixo valor nutritivo para a mente dos leitores e raso em termos de aprendizado, crescimento e conhecimento.
Um jornalismo feito à base de sensacionalismo, que usa o poder da palavra para ferir e não para curar, que usa os recursos do texto para construir narrativas tendenciosas que escondem as mentiras disfarçando-as com um verniz de verdade. Tudo isso, para induzir o leitor ao erro, para criar dúvida, para chamar a atenção das pessoas. Como jornalistas precisamos combater este tipo de prática em todos os meios de comunicação, ou corremos o risco de sermos coniventes com esse tipo de comportamento profissional, que tem se proliferado na imprensa, nesses tempos digitais.
Os direitos individuais garantidos na constituição federal não devem estar em conflito com a liberdade de imprensa, pois em ambos os casos, o que está em jogo é a democracia.
A matéria-prima do bom jornalismo é o fato, o texto bem redigido, a opinião sustentada por provas e convicções, e não a especulação e o sensacionalismo. Nessa busca incessante por comentários, likes e compartilhamentos o jornalismo está ficando doente, está sendo contaminado pela Síndrome do Influencer. Cujos sintomas são a busca pela atenção das pessoas custe o que custar; o conteúdo raso e de baixa qualidade; a exposição da vida privada para conquistar seguidores; a sexualização do conteúdo entre outros sintomas que encontramos em muitos veículos de imprensa.
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Sem falar nos conteúdos produzidos apenas para gerar cliques, pois depois que acessamos este tipo de site interessados no tema, encontramos apenas o título e nenhum texto, opinião ou algo de relevância que faça menção ao tema, apenas anúncios publicitários. Será que este é o tipo de jornalismo que queremos? Será que esta é a melhor maneira de conquistar audiência? Será que essa é uma boa maneira de gerar credibilidade e conquistar um público fiel? Eu acredito que não.
A sua atenção tem valor, o seu tempo tem valor, não alimente essa cadeia de mediocridade compartilhando esse tipo de conteúdo. Seja seletivo com o tipo de informação que você consome, pois quem alimenta a sua própria mente com esse tipo de conteúdo, pode acabar um dia, virando influencer.
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Autor: Prof. Jorge Menezes é palestrante, jornalista, escritor, colunista nas áreas de empreendedorismo e negócios. Head of Content da Revista Radar Executivo, CEO da Radar Executivo Business School, Apresentador do Canal Radar Executivo no YouTube e do Podcast Radar Executivo no Spotify. É autor de vários best-sellers: Aprenda a Negociar com os Tubarões® (2013), Transformando Networking em Negócios® (2015) e O Código Secreto da Venda® (2020) todos publicados pela Editora Alta Books.